Entre tantos automóveis com desenhos empolgantes e motorizações de ponta com farta cavalaria, o “menu” da Mercedes-Benz contava com um veículo que pouco honrava a estrela prateada no capô, o Classe B. O simples fato de ele ser um monovolume de caráter familiar já cortava boa parte do “barato”. Era um veículo com desenho de pouco apelo e conjunto mecânico limitado, principalmente por conta do câmbio CVT.
Ciente disso, a montadora transformou água em vinho ao desenvolver a segunda geração do carro, que ficou completamente diferente. O design sóbrio e “careta” deu lugar a linhas arrojadas com um “que” elevado de esportividade, enquanto motor e câmbio passaram por uma verdadeira revolução. No lugar do pouco inspirador bloco 1.7 aspirado de 116 cv e a transmissão com relações infinitas, assumiu o novo motor 1.6 turbo com injeção direta de gasolina de 156 cv e o avançado câmbio 7G-DCT, a caixa semi-automática de 7 marchas e dupla embreagem da Mercedes – ele usa o mesmo conjunto do novo Classe A. Em termos mecânicos, o novo B recebeu o que há de mais moderno na indústria e tal configuração é a mais avançada da categoria.
A nova forma do Classe B também alterou suas dimensões. O carro ficou maior em comprimento (+9 centímetros) e largura (+1 cm), enquanto a distância entre-eixos diminuiu (-8 cm) e o teto ficou mais baixo (-5 cm), o que deixou o carro com um perfil mais esguio. Entre perdas e ganhos nas medidas, o modelo ficou com a cabine mais espaçosa, mas a capacidade do porta-malas foi reduzida de 544 litros para 488 l, um bagageiro ainda prático.
O carro, porém, perdeu um pouco de seu lado “mãe” ao ficar com uma cara mais de “pai”, de característica esportiva e o comportamento mais arisco, sem falar ainda na posição de condução, que não é mais tão alta como no modelo anterior. Em alguns momentos têm-se a impressão de se estar guiando um hatch ou então um sedã, com a linha da janela na altura do ombro.
O interior também conta com uma boa dose de esportividade, com borboletas para trocas manuais de marcha no volante e o detalhe das saídas de ar que lembram o desenho de hélices de avião, moda lançada no superesportivo SLS AMG. A tela de LCD, que concentra as funções do rádio e telefonia, tem uma moldura bem feia. Parece um porta-retratos digital.
Familiar turbinado
O conjunto mecânico evoluído aliado à suspensão independente nas quatro rodas mostra que novo Classe B não veio para brincadeira. As arrancadas do carro agora são vigorosas, com direito a ronco alto do motor e “espirro” do turbo, e as retomadas inspiram mais confiança e segurança graças ao efeito do turbocompressor, que enche o motor com mais ar, e a rapidez das trocas de marcha do câmbio com duas embreagens.
A suspensão com braços individuais para cada roda – o modelo antes contava com eixo de torção na traseira – tornou o B mais estável e firme ou, para quem gosta de dirigir, “melhor de curva”. Falta apenas a sensação de ser empurrado por uma tração traseira, como nos modelos mais tradicionais da Mercedes, mas neste carro o motor impulsiona apenas o eixo dianteiro.
Conteúdo não justifica o preço alto
A Mercedes-Benz está cobrando alto pelo novo Classe B. A versão de entrada, B200 Turbo, saí da loja por R$ 115.900 e o modelo top, o B200 Turbo Sport, custa salgados R$ 129.900. Isso significa então que o veículo traz um mar de equipamentos e itens? Nem tanto.
A lista de itens de segurança é louvável desde o modelo de entrada, com 7 airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração e o curioso Attention Assist, o sensor de fadiga que detecta quando o motorista está cansado e o avisa sobre a necessidade de uma parada para descanso. O carro também conta com sistema Start/Stop, que desliga o motor automaticamente para economizar combustível. Por outro lado faltam equipamentos de conforto e entretenimento dignos de um automóvel de R$ 100 mil, como ar-condicionado dual zone, navegador GPS ou teto solar. Uma pena, pois o carro ficou bonito e ótimo de dirigir.
Por esse valor pode ser mais interessante partir logo para um sedã ou quem sabe até um SUV.
Fonte: IG Carros